A reescrita de textos como exercício de criação

Quando perguntado o porquê de os estudantes não gostarem de escrever textos, Ani Siro, psicopedagoga e mestre em Ciências com especialização em investigação educativa pelo Centro de Investigações e Estudos Avançados, no México, afirma que a falta de interesse dos jovens pela escrita se deve, muitas vezes, a propostas de redação de baixa qualidade. De acordo com a especialista, as crianças sentem-se desafiadas diante de propostas de produções textuais interessantes e, quando isso acontece, o exercício de escrita passa a ser, consequentemente, mais prazeroso.

Ani fez uma análise da experiência de reescrita de textos por alunos de uma escola de periferia em Buenos Aires que resultou no livro “Narrar por escrito do ponto de vista de um personagem”. Sua inspiração para essa iniciativa foi o livro “Que história é essa?”, do brasileiro Flavio Souza; uma verdadeira homenagem aos personagens secundários. Os alunos reescreveram histórias, em primeira pessoa, sob a perspectiva de outras personagens. Em uma das produções, baseada no conto “Chapeuzinho Vermelho”, por exemplo, o narrador é o lobo mau. O resultado desse laboratório surpreendeu aos professores. As histórias bem humoradas e irônicas serviram como exemplos de como esse tipo de proposta pode ser enriquecedora e atraente para as crianças.

Não há uma instrução para quem quer implantar a atividade de reescrita de textos na sala de aula. Mas, antes de dar início às produções, é preciso pensar sobre os objetivos pretendidos com o exercício e sobre o que é necessário para alcançá-los. Fazer uma pesquisa sobre o processo de produção do gênero escolhido é de grande relevância para, enfim, pensar as possíveis situações didáticas para que se possa colocar o exercício de reescrita em prática.

Baseado em: Nova Escola