Autismo: questão de inclusão

Momentos de agitação intensa e de reclusão. Essa é a dinâmica comum entre os portadores de autismo. Suas capacidades intelectuais e para a criação acabam não sendo demonstradas, e lidar com o seu comportamento que, na aparência, parece desconexo, é um desafio grande para familiares e educadores. Mas, com o acompanhamento adequado e com a inclusão escolar, é possível desenvolver suas habilidades. Quando isso acontece, os ganhos são inúmeros tanto para a criança como para todos que convivem com ela, e a turma da escola aprende a lidar com as diferenças, passo importante para serem adultos menos preconceituosos.

Para contribuir com o processo de inserção da criança que tem autismo no ambiente escolar, é importante entender melhor a síndrome. Trata-se, de acordo com Francisco Baptista Assumpção Júnior, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), de um transtorno que compromete a linguagem, a capacidade cognitiva e a sociabilidade do indivíduo. É comprovado que alguns portadores possuem habilidades incríveis, como ótima memória fotográfica, facilidade com cálculos matemáticos complexos e destreza para tocar instrumentos musicais. As causas do autismo, no entanto, ainda não foram definidas.

A inclusão só é possível quando a família se interessa em aprofundar seu conhecimento a respeito do autismo e intera a escola sobre os sintomas. A instituição, por sua vez, deve fornecer metodologias que ajudam a criança a suprir suas dificuldades. Muitas vezes, o lado financeiro torna-se um empecilho para a implantação das metodologias, que têm um custo alto. O investimento na contratação de profissionais qualificados, muito escassos, é de grande importância.

Alguns avanços já podem ser comemorados. A lei, sancionada em 2012, passou a considerar deficiente o portador de autismo. Essa iniciativa protege os seus direitos e pode punir gestores escolares que se recusarem a efetuar a matrícula do indivíduo que pode ter ou é, comprovadamente, diagnosticado como autista.


Fonte: Revista Viva Saúde